sábado, 26 de abril de 2008

Flaming

Flamejantes são as palavras; eu posso vê-las, todavia, a recíproca não é verdadeira.
Como dizia, sutilmente, a bela Lispector: "A palavra é meu domínio sobre o mundo."
Fluindo através dos céus estrelados, as palavras viajam pelos mais intrínsecos momentos, elas estão por toda parte, e posso vê-las por toda parte.
Sejam nas nuvens azuis, sejam nas paredes rabiscadas, sejam em mentes alucinadas lá estão elas, o domínio do mundo. Flamejantes, literalmente flamejantes.
As palavras têm um brilho indiscutivelmente único, variam dos mais intensos tons aos mais doces nuances, elas têm um poder indiscutivelmente encantado, capaz de entorpecer, de alucinar e nos deixar fantasmagoricamente atônitos. Como fantasmas, como unicórnios.
Sejam impressas em páginas amareladas, sejam vistas em telas planas, mais uma vez lá estão elas, ora arrancando sorrisos, ora arrancando lágrimas, ora moldando a luz.
Os 'pequenos' rabiscos flamejantes são mágicos, desenham o físico, pincelam o metafísico.
Traduzem amores, cores e olores, nomeiam o inexistente, permeiam o que ficaria apenas na mente, tais como os unicórnios. As vezes elas parecem não fazer sentido algum, mas sempre há um significado, prolixo ou não, metódico ou não. Todas elas têm um significado, ainda que alguns deles não recebam o devido respeito, ainda que alguns deles sejam contorcidos e quebrados.
As palavras são o meu domínio sobre o mundo, então é preciso que estes rabiscos flamejantes sejam utilizados no ápice de tais belezas, no ápice destes brilhos tais, que só sabem reluzir quando escritas, ainda que seja num papel, ainda que seja em uma nuvem azul.

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